A ansiedade era grande, uma vez que a data prevista para a inauguração, 15 de novembro, quando se comemora a Proclamação da República, fora mudada, devido ao momento político conturbado que o país vivia. Não era hora para festas. Era preciso esperar o desenrolar dos acontecimentos no Rio de Janeiro, então capital federal, para que a inauguração em Piquete acontecesse. O impasse político aconteceu logo após as eleições de três de outubro, quando Juscelino Kubitscheck foi eleito Presidente da República. Era seu vice João Goulart. Entretanto, setores contrários à política de Vargas, que se suicidara no ano anterior, eram abertamente contrários à posse de JK e Jango. Nada contra JK, mas sim contra Jango, ex-ministro do trabalho de Vargas, visto por muitos como "incitador de greves e articulador da república sindicalista". Oficiais das Forças Armadas passaram a defender uma saída golpista, como o coronel Jurandir Mamede que, no dia 10 de novembro daquele ano, na presença de autoridades, discursoua favor do impedimento da posse. Henrique Teixeira Lott, legalista, à época ministro da Guerra do Presidente Café Filho, pediu a punição do militar. Mas o Presidente sofreu súbita enfermidade cardiovascular no dia 3 de novembro, sendo substituído no cargo por Carlos Luz, Presidente da Câmara. Este, contrário à posse dos eleitos, recusou-se a punir o militar. Lott demitiu-se do Ministério no dia 10 e articulou-se com militares favoráveis à posse. Na madrugada do dia 11, deflagrou-se um movimento com tanques da vila militar tomando pontos nevrálgicos da capital, cercando o Catete e destituindo Carlos Luz, dando o chamado "contra-golpe" ou "golpe preventivo". Carlos Luz embarcou para São Paulo. A Câmara e o Senado o declararam impedido, passando a presidência a Nereu Ramos, Presidente do Senado, que empossou JK e Jango em 31 de janeiro de 1956. Amainados os tensos momentos políticos no Rio de Janeiro, o Pórtico da FPV foi inaugurado no dia 19 de novembro. Não contou com a presença de militares da Capital Federal, como era previsto. No entanto, houve maciça participação da comunidade e de autoridades civis e militares de Piquete. Para descerrar a placa inaugural, em que constam a data de 15 de novembro e os nomes dos responsáveis pela obra, o coronel Edgard de Abreu Lima, idealizador do projeto, convidou o bispo diocesano, Dom Luiz Gonzaga Pelluzo.
Em seguida, desfilaram, triunfalmente, passando por sob o arco central do pórtico, alunos do departamento Educacional e soldados do Contingente, ovacionados pela população. Num município carente de marcos urbanos de significativo valor artístico, o Pórtico da FPV tem grande importância para a memória cultural da comunidade. De incontestável beleza plástica, sua singularidade extrapola para a região do Vale do Paraíba. Preservado como marco arquitetônico em que a obra artística do professor César Dória fica eternizada, foi tombado pelo Decreto Municipal n° 2472, de 24 de junho de 2002. O Pórtico não é somente uma obra da história da ação militar no nosso país, mas também referência do desenvolvimento de nossa cidade, compondo com a Praça Duque de Caxias um conjunto harmonioso de grande importância para nosso patrimônio ambiental urbano.
Fonte: mauxhomepage



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